domingo, 28 de abril de 2013

Poesia 7



Às vezes sinto-me presa
Dentro do convento
Que é o meu corpo
Os tampões que são os meus olhos
Não me deixam enxergar o espelho
A minha boca um buraco negro
Cheia de morcegos
Morcegos falantes
Morcegos que dão medo
E a única saída real
É viver mergulhada
Nadando nos meus pensamentos.


Poesia 6





A visão turva e enodoada
Daqueles que incitam a insônia
Dos que secretam o sono
Como suprassumo do mal
Das horas determinadas e inventadas
Colocadas em órbitas
Para criação de legendas racionais
Intrínseca sim, essencial
Já não tenho certeza
Dessa dita importância do sol
Numa epiderme exemplarmente normal.

Poesia 5



O silêncio da noite
Completa-me por inteira
O prazer de ouvir o nada
Minha alma incendia
A sós com a lua
De mãos dadas com as estrelas
A imensidão do escuro
Ilumina-me
Luz passageira
Meus olhos lacrimejam
O vento que vem
Faz-me pegar um casaco
A chuva grosseira impiedosa
Molha todo o quarto
Mas nada me tira
Da minha zona de conforto
Onde morrerei sozinha
A ouvir apenas as inquietações
Que habitam meu interior.


Poesia 4




Minha alma
Ela quer se libertar
Ficar livre da carne
Minha alma
Ela quer ficar longe do chão
                                                                           Deseja subir bem alto        
Minha alma
Ela que gritar pelos ares
Mas não quer me deixar.

Poesia 3



Vivo num mar de incertezas
Evocadas por mim mesma
Que se desmancham e remontam
 Como um quebra- cabeça
De peças brancas e pretas
Que se misturam
Até virarem cinzas


Poesia 2



É um silêncio irracional absurdo
Neste silencio a mente flui
Vozes surgem do subconsciente
Consciente esse, sem sentido
Mas se não tem motivo
Para ouvi-lo os surdos
Os enfadados de ondas sonoras
Comem-no com os ouvidos.


Poesia 1




Contradigo-me
Com minhas próprias objeções
Sem perceber que
Sou a única interposição
Só não o nego, pois fazê-lo
Já é um desacordo
E uma auto aversão.